sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Minha Querida Mariana...

Mais um treino acaba. Visto depressa o casaco e as calças de fato de treino. Dirijo-me ao balneário e deparo-me com um mar de gente que se apinha procurando os seus pertences. Despeço-me de toda a gente e corro para a porta do pavilhão. Não devia ficar no recinto de jogo porque um outro treino já havia começado. No frio constante e húmido que se sentia para lá da porta do Siza, eu estava parado. Os meus companheiros de equipa iam saindo e dirigindo-se para os respectivos carros até só ficar eu, sozinho.
Ouço um barulho. Olho em volta e consigo ver, através da pequena porta que o Luís estava perto da máquina. Digo-lhe que o melhor é irmos para dentro, para a bancada para não apanhar-mos nenhuma doença ou enfermidade. Uma vez sentados, assistíamos ao treino das Juniores Femininas, que até era um treino bem agradável. Nada que se pareça a um treino do meu escalão. Era diferente. Todas elas se davam bem, sorriam alegremente e não era um fardo para elas estar ali a aquecer ou a jogar.
O tempo ia passando e nem sinal dos meus pais. Olho para baixo e uma figura com cabelos loiros e lisos, com uns olhos azuis-claros aproxima-se de nós. «Vocês estão à espera dos vossos pais? É que eu estou com falta de atletas para jogar aqui e se vocês e os vossos pais não se importassem, vinham treinar connosco.» Disse ela. «Aquela minha atleta disse que te conhecia e que jogavas bem, por isso até fazia falta» desta vez dirigiu-se a mim, e apenas a mim. A treinadora voltou a esboçar um sorriso e dirigiu-se de volta ao recinto de jogo. Liguei aos meus pais, não era de perder uma oportunidade de treinar. Aceitaram sem a mínima sombra para dúvidas. Desço a bancada e começo a jogar com todas elas. A rapariga que me havia indicado para jogar tinha uns olhos azuis muito claro, bastante agradáveis. Passei por ela e olhei-a com mais pormenor. Disse um pequeno «obrigado» e a Mariana sorriu abertamente. Prosseguimos o treino. Durante o jogo recebi vários elogios de todos os jogadores e jogadoras, mas em especial dessa tal rapariga a quem me dirigi inicialmente. A Mariana era sem dúvida uma das mais simpáticas raparigas do grupo.
No final do treino fui convidado a treinar de novo na quarta feira seguinte por aquela simpática conhecida. Corro de novo para a porta de saída e vou embora com um sorriso na cara. O treino tinha corrido bem.
Nessa noite recebi algumas mensagens do hi5 e li-as atentamente. Lá estava a cara simpática a olhar para mim do ecrã do computador. A Mariana tinha-me mandado o email e o número dela. «Mais uma amizade», pensei eu. Estava completamente errado.
Os dias foram passando e a amizade foi crescendo. Passaram treinos e treinos, com constante evolução e ajuda da minha nova amiga. Ela era (é) uma querida.
Fomos falando cada vez mais. As conversas eram sempre diferentes: sobre a vida, sobre objectivos, sobre evolução, sobre desporto, escola e outras pessoas. Comecei a aperceber-me que ela só queria o meu bem e que para além disso era uma boa amizade, embora curta, mas boa. Defendeu-me e apoiou-me nos momentos mais importantes das semanas seguintes.
Um mês depois de tudo ter começado, foi-me pedido um texto, um texto elaborado por mim, para ela. Comecei por escrever breves comentários e nada mais. Mas agora aqui estou a escrever este texto, para as delícias de qualquer um que o leia (espero eu), para mostrar que a amizade é o que de melhor há neste mundo. Enquanto todos estão em revoluções contra si próprios ou entidades, a amizade permanece dentro de cada um de nós. Quer queiramos, quer não, tudo aquilo que sentimos uns pelos outros acaba por vir ao de cima. Escrevo este texto porque uma grande amiga minha me pediu, mas acima de tudo porque me dá prazer escrever para alguém que me ama, que merece ter tudo de bom e que sabe apoiar e avaliar o desempenho dos outros, com sinceridade e carinho. Ela é tão persistente que até conseguiu arrancar-me o nome da pessoa que mais amo neste mundo. E é por esta cumplicidade, carinho e amizade que perco o meu tempo a fazer aquilo que mais gosto.
Para ti, Mariana, com todo o carinho e afecto que mereces da minha parte. Sempre cá para tudo.


Vasco Nunes

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