sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O Encontro


Recebo a melhor notícia de sempre. Um jogo às 5 e meia. Entro no carro com um sorriso de orelha a orelha em direcção a um outro jogo. Duas horas de intensa ansiedade à espera de entrar novamente no carro e partir a um destino onde sei que vou ser feliz, embora por breves momentos apenas. Mal tudo acaba, esclareço algumas coisas e corro de vez para o carro. 45 Minutos de viagem até ao tal destino. Abro a porta, corro, ouço os comentários de duas pessoas que vêm atrás de mim e nem penso em parar. O coração a bater a mil à hora, a cabeça fixa numa imagem que sei que irei encontrar ali, ali bem bem perto. Abro uma porta para um recinto escuro e olho à minha volta, subo as escadas à minha direita e no cimo vejo uma luz que me indica que estou muito perto. Passo a porta de correr e a luz do pavilhão ilumina-me os pensamentos. Olho para baixo e deparo-me com a figura que estava fixa na minha cabeça. Sorrio abertamente. As duas pessoas chegam perto de mim a olhar-me como quem está feliz por eu e eles próprios estarem felizes. Tudo estava no seu sítio agora. Uma das figuras lá em baixo volta-se de frente para mim e um grito sonoro ecoa em todo o pavilhão iluminado pelos sorrisos presos à cara de cada um de nós. «VASCO!» , um sorriso ainda mais intenso chega à minha expressão e o sentimento de felicidade total invade o meu corpo. Com um frenesim agudo a segunda figura volta-se e depara-se comigo, devido ao grito soltado pela Joana. Ela estava finalmente a olhar para mim. O mundo caiu-me aos pés e abstraí-me de todos os barulhos, comentários, risos, balbúrdia e olhares que a bancada lançava. Era real. A Bia riu-se abertamente de felicidade e senti que tudo o que havia passado naquele dia valera a pena e que todos os dias que passei esperando o primeiro contacto foram pequenos, já não senti-a a falta de mais ninguém. Como se no coração fossem lançadas brasas quentes que se tornaram em fogo, um fogo quente e reconfortante, inexplicável ao primeiro olhar. «Nem me acredito que vieste! Mal o jogo acabe eu vou ter contigo lá em baixo!». Era de vez. Ia poder senti-la perto de mim, tocá-la, sentir o seu cheiro, abraçá-la, beijá-la, sorrir frente a frente para ela. Esperei pacientemente. O jogo acaba e as figuras de azul e laranja deslocam-se em direcção à porta de saída. Salto a escada avançando de três em três degraus. A dois metros de distância a primeira figura aproxima-se a passos largos. Abraço-a com toda a força, dou-lhe dois beijos. Olho em volta à procura da Bia mas a Joana quase nem deixava de me agarrar. Olho para trás à procura daqueles olhos azuis, provavelmente os mais lindos que alguma vez vi. Ali estavam eles, a olhar fixamente para o local onde antes estivera a abraçar a Joana. Não resisto e abraço-a com toda a minha força, um abraço difícil de se ter, difícil de se explicar e ainda mais de se exprimir ou repetir. Entretanto as conversas começam e os risos são constantes. Separámo-nos por alguns momentos, mas mal todas elas voltaram, os abraços, os beijos, os risos e sorrisos, as carícias e tudo mais voltaram a estar presentes no recinto escuro, que, como que por magia, se iluminou à passagem de toda um equipa. Fotografias foram tiradas para que nunca ninguém tenha saudades de tantos sorrisos e abraços naquele dia. Há amizades que duram para sempre, por muito distantes que as pessoas estejam. De volta lá fora, para o frio húmido que agora mais parecia um clima de Verão, deparamo-nos com um céu azul intenso com as estrelas a brilhar acima de nós. A noite caíra. Percorremos o corredor onde por pequenas aberturas nas portas se podia ver ainda gente a jogar lá dentro, no calor e luz do pavilhão do colégio. Um beijo foi pedido e por consequência concedido. Mais um dos momentos especiais (provavelmente o mais especial) daquela hora e meia passada naquele local com as melhores pessoas do mundo. Lembro-me de repente de que não podíamos sair de lá sem prendas ou lembranças. Corro mais uma vez para o carro cinzento onde estavam as t-shirts de jogo. Ofereço 2 t-shirts em sinal de agradecimento por tudo, por me fazerem felizes. O frio ao retirar a t-shirt vestida foi apagado pelos sorrisos e olhares que todos me lançavam pensando que eu provavelmente era “louco”. Recebo um abraço apertado e um beijo na cara. A despedida estava ali, à nossa frente. Olho mais uma vez para a cara mais linda do mundo e sorrio, a felicidade não podia ser apagada assim do nada. A Bia retribui o sorriso. Começam as despedidas sempre abraçadas ao “Obrigado por teres vindo. És um querido. Todos vocês o são. Até um dia, beijinhos”. Depois de todas as despedidas, volto a abraçá-la. Viraram costas e dirigiram-se para a camioneta, perto do portão do Colégio. As três figuras que agora se encontravam perto do carro não paravam de olhar para todas aquelas raparigas a entrar para dentro da camioneta, pois sabiam que elas iriam partir para um local bem diferente do destino deles. 300km de distância que separam as amizades de todos eles. Eu, o Matos e o Lucas entramos para o carro, seguidos dos meus pais. Hora de partir.

Pela viagem apenas se falou daquele encontro, daqueles momentos, daqueles sorrisos, daquela alegria. Sorri-mos uma última vez. «Até terça, obrigado».



Vasco Nunes

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